Christianos ou Chrestianos? A Confusão comum de Chresto com Christus

Christianos ou Chrestianos?

Detalhe do Manuscrito Mediciano, mostrando a palavra “christianos”. A lacuna entre o “i” e o “s” aparece destacada; um “e” é visível sob luz ultravioleta, mostrando que essa seria a letra original.
Na antiguidade, tanto no mundo grego quanto no latino, os cristãos (“christiani”) eram muitas vezes chamados de “Chrestiani”, isso porque confundiam a palavra “Christus” com “Chrestus” ".[3], que era mais comum. As cópias remanescentes dos trabalhos de Tácito derivam de dois principais manuscritos, conhecidos como os “Manuscritos Medicianos”, escritos em latim. Esses se encontram na Biblioteca Medicea Laurenziana, em Florença. O segundo Manuscrito Mediciano é a cópia sobrevivente mais antiga que se refere aos cristãos e é datada do século XI, vinda do Monte Cassino[4]. Nesse manuscrito, o primeiro “i” da palavra “Christianos” é consideravelmente distinto do segundo, parecendo um tanto borrado, além de não ter a perna presente no segundo “i”; além disso, há uma lacuna entre o primeiro “i” e o “s” que vem logo em seguida. Georg Andresen foi um dos primeiros a comentar sobre a aparência do primeiro “i” e a lacuna, sugerindo em 1902 que o texto foi alterado e que havia, originalmente, um “e” no lugar do “i”.[5]
Em 1950, a pedido de Haral Fuchs, a Drª Teresa Lodi, diretora da Biblioteca Medicea Laurenziana, examinou as características desse item do manuscrito; ela concluiu que existem sinais de um “e” apagado por remoção da parte superior e inferior horizontal e a distorção do remanescente em um “i”. [6] Em 2008, a Drª Ida Giovanna Rao, nova diretora do escritório de manuscritos da Biblioteca Medicea Laurenziana, realizou novamente o estudo da Drª Lodi e concluiu que é provável que o “i” seja uma correção de um caractere anterior (como um “e”); a mudança, contudo, foi extremamente sutil. Posteriormente , no mesmo ano, foi descoberto que, sob luz ultravioleta, um “e” fica claramente visível na lacuna. Conclui-se, portanto, que a passagem devia originalmente se referir a chrestianos, uma palavra grega latinizada que pode ser interpretada como “o bom”, a partir da palavra grega χρηστός (chrestos) - termo que, por sinal, significa “bom, útil”. [7] De acordo com o Professor Robert Renehan, "era natural para um romano confundir as palavras [Christus e Christianus] com a de som similar χρηστός (Chrestos) "[8]. Alguns escribas gregos aparentemente tinham o mesmo problema, já que, de acordo com o Códex Sinaiticus e o Minúsculo 81, a palavra “cristãos” aparece como Χρηστιανούς nos Atos dos Apóstolos 11:26. [9]

FONTE WIKIPÉDIA  

Comentários

Postagens mais visitadas