Testes com Animais são importante para a Ciência?

Coordenador do conselho que regula o setor defende por que os testes são importantes para a ciência; ativistas protestam exibindo vídeos de sofrimento animal

A recente invasão do Instituto Royal, em São Roque (SP), para a libertação de cães da raça beagle reabriu o debate em torno da experiência com animais. Para atuar no setor, as empresas devem seguir as normas do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia e responsável pela formulação de normas relativas à utilização de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica.
Para o órgão, os testes de medicamentos em animais são importantes para prevenir riscos de reação e ainda não há métodos alternativos eficazes para eliminá-los. “Precisamos ter segurança para que a população use medicamentos. Por isso, vários tipos de animais são utilizados quando uma molécula ou medicamento é descoberto", defende Marcelo Morales, coordenador do Concea.
O trabalho com animais começa com o uso de roedores, em testes de concentração e dosagem. Depois de encontrados valores que não prejudiquem a saúde dos ratos, entram em cena animais maiores, como os cães. São realizados novamente testes com a mesma finalidade, descobrir dosagens que não provoquem reações adversas.
Concluído este processo, é a vez de fazer o teste em seres humanos. A primeira fase é a de segurança, com algumas dezenas de pessoas, para detectar se ocorrem reações. Em seguida, amplia-se o número para a casa dos milhares.
Veja fotos da retirada de cães do Instituto Royal:
Ativista carrega cães após invasão a laboratório em São Roque. Foto: Edison Temoteo/Futura Press
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“Só depois de todo esse trabalho, o medicamento vai para as prateleiras. Se não houvesse todas estas etapas, todos nós estaríamos em risco. Não existem hoje métodos alternativos eficazes para este fim, por isso hoje os animais ainda são tão importantes”, afirma Morales. “Talvez daqui a 200 ou 300 anos a gente deixe de usar animais. Mas, por enquanto, eles são extremamente importantes.” Não só medicamentos de uso humano, mas os de uso veterinário também são previamente testados em animais.
Criados para testes
A retirada de 178 cães da raça beagle do Instituto Royal provocou comoção por conta do estado de saúde deles. A apresentadora Luisa Mell, que participou da ação, relatou que os animais “pareciam mortos” , de tão apáticos. Morales aponta, no entanto, que estes animais jamais terão o comportamento esperado dos animais domésticos. “Eles não foram criados para o contato com o ambiente externo.”
Os cães do Instituto Royal foram criados para o contato com um número reduzido de pessoas. “Duas a quatro, no máximo, cuidavam deles. Quando entraram 150 pessoas no instituto, eles tiveram muito medo. Os ativistas tiveram de entrar nas baias para tirar os animais porque eles não queriam sair.”
Um dos filhotes encontrados estava morto, com o corpo congelado. Ele havia morrido no dia anterior e seria submetido a autópsia pelo veterinário. Segundo Morales, o exame constatou morte por causas naturais. “Estes animais estavam todos saudáveis e eram controlados. Eles nasceram e foram criados naquele ambiente para serem utilizados em pesquisa científica. São animais completamente diferentes (dos domésticos) e que precisam de cuidados especiais.
Biotérios
Os animais usados em testes de laboratório são criados nos chamados biotérios. Isolados do meio externo, eles são tratados com rações especiais, têm períodos de recreação e são tratados por profissionais que seguem normas estritas para não infectá-los. "Há toda uma atenção que é essencial para que a pesquisa possa acontecer de forma correta. Eles não são criados como criamos nosso cães, levando para passear, criando junto com a gente o tempo inteiro. Eles são criados para a pesquisa científica."
Talidomida
Liberada para a venda após ser testada em animais, a talidomida ganhou popularidade no mercado farmacêutico no final da década de 1950. Seus efeitos, no entanto, foram desastrosos. Usado por grávidas no combate à insônia, ansiedade e enjoos matinais, o remédio provocava no feto uma deformação chamada de focomelia - encurtamento dos membros. O medicamento parou de ser vendido em 1961. No Brasil, a proibição passou a valer em 1965.
Segundo Morales, no caso da talidomida, os erros foram cometidos porque foram puladas etapas de testes em animais, se os testes todos fossem feitos exatamente como é feito atualmente, os cientistas teriam detectado o problema. Como pularam etapas, a deu no que deu. É isso o que queremos evitar”, afirma o coordenador do Concea.
Contra os testes
Em protesto contra os testes, ativistas em defesa dos animais dizem que há sofrimento durante as experiências. Veja abaixo vídeos divulgados por ONGs que contestam a utilização de animais em pesquisa científica (as imagens são fortes):

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    Fonte: IG 

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